ENTREVISTA COM O DEPUTADO FEDERAL ACM NETO

Entrevista realizada em 1 de agosto de 2010, quando ACM nem poderia sonhar em anunciar sua candidatura a prefeitura de Salvador, vamos conhecer um pouco dos pensamentos do não candidato para podermos comparar com os atuais, que serão expostos no primeiro debate dos candidatos, ainda esta semana, na Band Bahia

“O aumento da violência é incompetência do governo petista.” (ACM Neto)

Por Elenilson Nascimento

Segundo essas pesquisas de opinião públicarealizadas pelo Ibope, mostrando o que supostamente “pensam” os brasileiros a respeito dos seus deputados e senadores, uma imensa parcela de brasileiros (84%) acha que os parlamentares trabalham pouco e 52% consideram que não passa de 10% o número de bons deputados e senadores do país. E eu me incluo entre os que pensam dessa forma. Mais constrangedor do que isso, só os adjetivos que os entrevistados selecionaram para classificar os seus representantes. Pela ordem: “desonestos (55%); insensíveis aos interesses da sociedade (52%); e mentirosos (49%)”. Esses números são frutos do atual estado de degradação moral do Parlamento e os resultados do levantamento apontam para um imenso abismo entre a sociedade e os que deveriam representá-la.

E com tantos casos vindos a conhecimento público de corrupção e falcatruas no Congresso Nacional, não podemos deixar de reparar no descrédito dos brasileiros com a política. E um dos principais fatores desse descrédito é a corrupção generalizada, quase endêmica, em todos os ramos das atividades política e econômica brasileiras. Todos os povos do mundo são corruptíveis e em condições de liberdade vemos ao longo dos tempos, e a história comprova com fatos, povos inteiros que quebraram regras e leis se tornando corruptos e sendo punidos posteriormente.

Mas o que caracteriza a corrupção brasileira é a falta de punição que vemos por aqui. Já que em outros países do mundo a punição é severa e eficiente, as pessoas ficam com muito mais receio de aplicar golpes e burlar as leis sabendo que provavelmente irão para a cadeia. Aqui, porém, sempre é o contrário. Contudo, não podemos esquecer também que a origem desse processo corrupto que vemos eclodir hoje vem de uma época bem remota que parece esquecida: a época da ditadura militar que durante cerca de vinte anos massacrou e matou sonhos num processo (e retrocesso) arraigado de corrupção no país.

E, talvez por isso, todas as minhas revoltas e manifestações explícitas contra esses políticos ordinários tenham bloqueado o meu senso de seleção, pois, no Brasil, nunca um político ou funcionário publico foi processado, por crimes, apenas são aposentados com gordas aposentadorias, e isto se dá devido às leis feitas por eles para beneficiar somente a eles mesmos.

E esses corruptos se cercaram dessas leis que os tornaram quase que intransponíveis, o que dá a eles o poder de roubar o dinheiro público sem que sejam punidos. Não sendo muito estranho que agora comece uma limpeza, já que os resquícios ditatoriais estão se extinguido e com isso dando espaços para ações de pessoas que estão em outro processo cultural que não aquele de trinta anos atrás.

Só mesmo a opinião pública pode mudar este contexto, caso contrário vamos continuar pagando impostos somente para fomentar a corrupção, pois somente neste governo do PT criou-se 93.000 cabides de emprego, ou seja, ganha-se sem trabalhar. E talvez, por isso mesmo, essa entrevista com o deputado federal ACM Neto aqui no blog venha enfatizar mais o que estou tentando escrever (*ou acabar como os meus e com os seus preconceitos com relação à política brasileira).

O deputado federal ACM Neto nasceu em Salvador (BA), no ano de 1979, e está no segundo mandato consecutivo. Foi o deputado mais votado na Bahia em 2006. Herdeiro político do avô, o ex-governador, ex-ministro e ex-senador ACM (falecido em julho de 2007), destacou-se na legislatura anterior principalmente por sua participação na CPI dos Correios. Formado em Direito, é o primeiro vice-líder do DEM na Câmara e membro titular da Comissão de Constituição e Justiça.

É também ex-presidente nacional do PFL Jovem e filiado ao partido (atual DEM) desde 1999. Em 2008, concorreu à prefeitura de Salvador, mas não alcançou votação o suficiente para ir para segundo turno. Em 2009, ocupando o cargo de Corregedor da Câmara dos Deputados e integrante do Conselho de Ética, pediu a cassação do deputado Edmar Moreira, acusado de utilizar a verba indenizatória da Câmara em benefício das próprias empresas. ACM Neto criticou a decisão do Conselho de absolver o parlamentar mineiro. Em 2006, em Salvador, o deputado foi atacado pelas costas por uma pensionista com golpes de faca. Ou seja, vida de político também é perigosa.

Mas uma coisa muito interessante nessa entrevista com o ACM Neto é que eu mudei totalmente a minha opinião, pelo menos com relação ao deputado. E se antes eu tinha muita intolerância com relação aos nossos políticos, generalizando e colocando todos no mesmo saco, confesso aqui, e peço desculpas também ao ACM Neto, por algumas perguntas demasiadamente indignadas, mas necessárias. O achei muito educado, apesar de ele ter usado algumas respostas como saída pela tangente. Confira abaixo essa entrevista bem bacana com o jovem deputado federal Antônio Carlos Peixoto de Magalhães Neto, o ACM Neto, que, apesar de algumas atitudes que muitos não concordam, tem marcado presença constante na vida política brasileira e até já declarou que o presidente Lula é “completamente despreparado para ocupar o cargo de presidente da República”, coisa que eu também concordo. Ele até já foi escolhido o parlamentar mais bonito da CPI dos Correios – numa eleição feita por um site para público homossexual. Tá podendo!

Elenilson – Com sua chegada à liderança da bancada do DEM na Câmara, em 2008, o que mudou exatamente na administração do seu partido?

ACM Neto – O DEM passou por uma grande renovação. Quando fui escolhido para liderar o partido, o DEM demonstrou confiança em meu trabalho, iniciado em 2003, no primeiro mandato. Sempre fui fiel aos meus princípios, nunca mudei de partido e faço um trabalho para trazer mais benefícios para a Bahia.

Elenilson – O que significa ser um “vice-presidente, corregedor da Câmara e o 5º parlamentar mais influente” – como foi transcrito no seu site – em um país morto de fome, atolado em corrupção e mentiras?

ACM Neto – O corregedor da Câmara tem a função de analisar todos os pedidos de eventuais irregularidades de seus colegas. E desde que assumi o cargo jamais deixei uma investigação no meio do caminho. Pelo contrário, sempre procuro cumprir a minha obrigação. Agora, a minha influência foi atestada pelo DIAP.

Elenilson – Foi só a influência do seu avô ACM que o fez decidir entrar na política? Ser neto e herdeiro do senador é um peso?

ACM Neto – Claro que ser neto do político mais influente da Bahia nos últimos 50 anos ajudou, mas não é só isso. É preciso gostar de política, manter contatos, ser respeitado...

Elenilson – Numa entrevista à revista “Isto É”, em 2007, o senhor pregou a união dos partidos e disse ainda que a oposição errou ao interditar debate sobre o impeachment do presidente Lula. O que mudou de lá para cá?

ACM Neto – Contínuo com a mesma opinião. Os partidos de oposição precisam se unir mais mesmo para enfrentar o poderio econômico do PT.

Elenilson – Porque no Brasil, em especial na Bahia, nunca se investe em inteligência?

ACM Neto – Discordo desta opinião. Nos últimos anos o Brasil tem investido muito neste setor.

Elenilson – A juventude hoje não tem opinião e não quer saber de política, em consequência disso continuaremos sendo mandados por um bando de parasitas travestidos de políticos. Os poucos que se aventuram a entrar na política o fazem somente pela recompensa financeira. Comente, já que o senhor nasceu em berço esplendido.

ACM Neto – Também discordo, basta ver o Congresso Nacional. Lá há muitos jovens e os partidos estão se renovando.

Elenilson – Muitos parlamentares acusaram a Comissão de Orçamento de manipular as emendas do Orçamento da União, mas depois todos se calaram. Qual a sua posição com relação ao polêmico “anexo” aprovado pela Comissão? E o senhor acha mesmo que a Comissão de Orçamento é uma coisa necessária? Se a resposta for positiva, porque então todas as comissões de “alguma coisa” acabam em pizza?

ACM Neto – Olha, claro que a comissão é importante. As pessoas precisam ver realmente como funcionam as coisas antes de emitir opiniões que nem sempre correspondem à verdade.

Elenilson – O senhor disse numa entrevista que ACM é insubstituível e que “não vai existir nenhum outro político, na Bahia de hoje, que possa exercer a liderança que ele exerceu”. Concordo plenamente. Mas se o carlismo não morreu e sobrevive com as suas intervenções na política e com as manifestações de intolerância desse governo Wagner, como ideário e como elemento de unidade de um grupo político e de “adestração” pública, como o senhor espera que a forma como ACM administrou a Bahia no século passado seja repetida nos dias de hoje?

ACM Neto – A fórmula tem de ser a mesma. ACM modernizou a Bahia, preparou-a para o futuro, trouxe empresas, indústrias, formou os melhores quadros da política baiana. ACM foi o principal político da Bahia nos últimos 50 anos, seu trabalho ultrapassou as fronteiras do Estado...

Elenilson – Temos visto tentativas em países como Venezuela, Nicarágua, Equador, Bolívia e até Brasil de cerceamento da liberdade da imprensa. O que fazer, caso o senhor fique (*mesmo que isso seja uma coisa difícil de imaginar, já que o senhor tem uma rede inteira de comunicação trabalhando ao seu favor) sem poder exercer sua profissão com plena liberdade?

ACM Neto – Não há rede de comunicação trabalhando a meu favor. As empresas de Rede Bahia são independentes e isto pode ser atestado por meus adversários. Sempre fui contra a censura e não será diferente agora.

Elenilson – Cada país, cada povo, tem os representantes que merece. Uma das coisas mais corriqueiras que ouvimos do senso comum em relação ao universo político brasileiro é a máxima de que em Brasília só há corruptos. E a Bahia não fica atrás. A frase é ilustrativa do quanto o brasileiro exime-se quando se trata de assumir as responsabilidades pelas mazelas nacionais. Como o senhor encara esse cenário político em plena agitação para as próximas eleições? 

ACM Neto – Olha, o meu trabalho é diferenciado. Fui duas vezes o deputado mais votado no Estado, liderei o meu partido, ocupo um cargo relevante na Câmara e nunca houve nenhuma acusação contra mim sobre desvio de ética. Assim pretendo continuar na política...

Elenilson – O senhor a

credita mesmo em acordos com a base governista? Ou tudo não passa de conchavos e alianças em benefícios próprios?

ACM Neto – Claro que há acordos.

Elenilson – Como ficam as relações com os expoentes atuais do anticarlismo, o governador Jaques Wagner, prefeito João Henrique e o ministro Geddel?

ACM Neto – Somos adversários, não somos inimigos.

Elenilson – A internet tem-se mostrado uma preciosa arma para descobrimos as verdadeiras intenções de alguns políticos. O Geddel, por exemplo, demonstra ser uma pessoa muito articulada, educada, mas quando questionado muda logo de assunto. Foi essa a impressão que eu tive quando tivemos um “papo rápido” pelo Twitter. Todos os pré-canditados estão usando as ferramentas disponíveis para ganhar votos. Tentando fazer o mesmo que o Obama fez. Muitos, porém, não sabem ainda que a rede não é um cemitério de burros, como a televisão.

ACM Neto – Fundamental, e sempre utilizei as mídias sociais. Fui um dos primeiros políticos da Bahia a ter site, tenho Orkut, Facebook e quase todos os dias estou no Twitter.

Elenilson – Como o senhor encara o fato do uso da internet em benefício da sua campanha?

ACM Neto – Acho que exerce um papel excepcional porque atinge principalmente o público mais jovem e escolarizado.

Elenilson – Falamos como se Brasília, o Distrito Federal, fosse uma terra maligna e fértil de onde brotam espontaneamente políticos nada dignos e sempre dispostos a corromperem e serem corrompidos. Ora, o que há de bom e de ruim na Capital Federal é nada menos que o produto da exportação de todos os Estados do país, de todos os eleitores brasileiros. Brasília tem o que nós, como cidadãos e eleitores, enviamos das urnas para lá. O senhor tem algum pé atrás com relação à política no nosso país? O que de bom (se tiver) e de ruim temos nas Câmaras e prefeituras? 

ACM Neto – Pelo contrário, a política é fundamental para a democracia. Cabe aos eleitores separar o joio do trigo e eleger políticos compromissados com seus Estados.

Elenilson – Uma vez, em entrevista ao péssimo programa “Se Liga Bocão”, num patamar de zero a dez, o senhor deu nota dois ao governo João Henrique. Eu daria zero para esse prefeito “sem opinião” e “Maria vai com as outras”. Com base em que o senhor chegou a essa avaliação magnânima?

ACM Neto – Olha, a gestão do prefeito melhorou muito. Salvador sempre foi uma cidade desigual e problemática.

Elenilson – O Lula espalhou aos quatro ventos em 2010 que o candidato à sucessão dele não necessitava ser do PT, mas de base aliada. O PT, no entanto, decidiu lançar a insossa Dilma como a única esperança de substituí-lo. Ou seja, uma candidata que não tem opinião sobre nada, que não tem carisma, que não tem força aliada, mas que repete categoricamente tudo o que o chefe manda é a única chance que o PT tem de prolongar a festa. Como o senhor vê isso?

ACM Neto – Acho que nosso candidato, José Serra, é muito melhor. E vamos mostrar isto na propaganda política na televisão e no rádio.

Elenilson – Na história vergonhosa do “mensalão”, às vezes, envolvia uma discussão semântica que não levava a absolutamente nada. É evidente que houve situações de recursos indevidamente repassados aos partidos, aos parlamentares. Chamem isso do que quiserem, mas vamos falar aqui da falta de vergonha na cara desses políticos. Evidentemente que houve situações em que dirigentes petistas agiram como não deveriam. Temos de dizer isso com toda a clareza. Mas não se trata aqui no blog de ficar discutindo casos individualizados. São TODOS da mesma corja, da mesma gangue. Não existe ética alguma no Congresso. Não é possível pensar, como falaram em alguns encontros do PT, que a construção da democracia e do socialismo prescinde da ética. Que ética? Eu pergunto! É justo um trabalhador ganhar um salário ridículo e os aposentados penarem todos os meses para receber uma vergonhosa aposentadoria? Como o senhor analisa eu estar generalizando (*de propósito) e incluindo o senhor também nesse patamar? 

ACM Neto – Olha, eu fui um dos deputados que mais contribuíram para desvendar o “mensalão”. Portanto, esta pergunta deve ser feita àqueles que roubaram o país.

Elenilson – Nos temos um Congresso de pilantras e bandidos. Como o presidente Lula ainda quer que acreditemos que “eles” precisam resgatar a credibilidade que o PT já teve?

ACM Neto – Não concordo com a sua pergunta.

Elenilson – Os intelectuais brasileiros são uns bananas. Cadê o Chico, o Caetano, Gil e sei lá mais quem indo às TVs conta o governo Lula? Por muito menos o Collor sofreu impeachment. Comenta.

ACM Neto – Também discordo de sua opinião.

Elenilson – Desde que o PT chegou ao governo, há um choque entre o partido e os meios de comunicação. Agora, vai ser criada a TV pública, como forma de pôr uma cunha na mídia. O que o senhor acha de uma TV pública?

ACM Neto – Sou favorável, desde que não haja interferências políticas.

Elenilson – Em nota enviada ao jornal “Bahia Notícias”, o senhor atribui as críticas à política de segurança do ex-governador Paulo Souto, desferidas pelo pré-candidato ao Governo Geddel e pelo deputado estadual Zé Neto (PT), ao resultado da última pesquisa Vox Populi para o Governo do Estado. O senhor confia mesmo nessas pesquisas encomendas?

ACM Neto – Olha, pesquisas devem ser interpretadas.

Elenilson – No Congresso recente do PT, foi aprovada a realização de plebiscito a respeito da privatização da Vale do Rio Doce. O que o senhor acha dessa decisão?

ACM Neto – Pelo PT, tudo será privatizado. É evidente que isso não vai passar.

Elenilson – O presidente Lula se reuniu com o líder iraniano, anti-social, preconceituoso, antiquado e maquiavélico Mahmoud Ahmadinejad, em Teerã. O presidente Lula viajou até o Irã para apresentar ao governo do país uma proposta conjunta do Brasil e da Turquia para um “possível acordo” sobre o programa nuclear do país. Ora, na busca desesperada para sair do governo com um “nunca na história desse país tivemos um presidente tão bom” e, de quebra, ainda levar o Prêmio Nobel da Paz, o presidente Lula novamente se mete onde não é chamado, além de viver dando opiniões em assuntos que não lhes dizem respeito. Enquanto isso, o país cheio de problemas que, eu acho, ele não quer mais saber. Comenta. 

ACM Neto – Você não fez pergunta, fez um comentário.

Elenilson – Em Salvador temos uma vereadora que, por total falta do que brigar na Câmara dos Vereadores e que também vive dizendo que é sua fã, quer prestar uma homenagem ao Michael Jackson no Pelourinho, como representante máximo da negritude da Bahia. O que o senhor acha desses representantes públicos que parecem não ter um pingo de noção de realidade? 

ACM Neto – Acho que todos os eleitos têm legitimidade.

Elenilson – Recentemente, em Salvador, um estudante do curso de Direito, veja bem: DIREITO, de apenas 23 anos, invadiu um passeio e bateu num poste e esmagou uma família inteira. Policiais, agentes de transito e pessoas que estavam no local descreveram o universitário de DIREITO como visivelmente embriagado. No entanto, o riquinho se recusou a fazer o teste no etilômetro, mas foi encaminhado para a delegacia. A delegada do plantão que registrou o show, digo, o caso, se recusou a falar com a imprensa e liberou o infrator. Mas uma coisa é certa, se fosse um preto, pobre, que morasse na periferia, que fosse o causador do atropelo, tinha que pedir muita misericórdia! A sociedade é um reflexo das canalhices estreladas pelos nossos representantes. Como o senhor, como cidadão, visualiza esses exemplos que os nossos jovens assistem todos os dias pelas telas das TVs no país da impunidade?

ACM Neto – Lamentável, sou favorável à aplicação de leis mais duras.

Elenilson – A deputada Cidinha Campos – que desistiu de conceder uma entrevista para mim por achar que eu não gosto do Lula – disse em discurso no dia 24/03, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, sobre o deputado José Nader, que “a corrupção neste país está no DNA”. O senhor também acha que não temos mais solução? Que estamos todos mal assessorados? Que a “Sodoma e Gomorra” no Congresso devem ser extintas? 

ACM Neto – Pelo contrário, a solução está na democracia.

Elenilson – Eu escrevi num texto, justamente sobre a senhora deputada Cidinha Campos, que “somente numa sociedade covarde como a nossa, num avançado estado de decomposição moral (*vide as centenas de denúncias de pedofilia, corrupção em todos os patamares da sociedade e apodrecimento da educação), onde as pessoas acham que é perda de tempo sair às ruas e exigir, de uma forma ou de outra, a destituição de um Congresso que não serve para nada e que se transformou em um covil de canalhas e bandidos, cujos componentes – autoridades constituídas pelos votos dos que são tratados como idiotas e imbecis – estão dando demonstrações de absoluta falta de respeito a quem paga seus salários e mordomias...” Como devemos usar o voto com uma arma de democracia, visto que, pelo andar da carruagem, os mesmos candidatos de ontem estão aí repaginados e botocados?

ACM Neto – Quem tem de escolher os seus representantes é a população.

Elenilson – Na Bahia, o governador Wagner usa as propagandas mentirosas do “governo que leva saúde mais perto de quem mais precisa" só para concorrer (*e provavelmente ganhar) nas próximas eleições. Os políticos tratam o povo como se fosse um bando de débeis mentais. E o pior: o povo se comporta como se assim o fosse. Qual seria a solução mais viável para mudarmos essa situação?

ACM Neto – Elegendo outro candidato ao governo.

Elenilson – O comentarista Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo (03/05) escreveu: “O mandato de Edmar Moreira foi salvo por uma APURAÇÃO POSTIÇA montada pelo Corregedor da Câmara, deputado ACM Neto (DEM-BA). Isso foi meso verdade? O senhor salvou o mandato parlamentar do “deputado do Castelo”, Edmar Moreira (DEM-MG)? 

ACM Neto – Pelo contrário, se você observar, no dia seguinte escrevi para carta, que a Folha publicou, esclarecendo a verdade. Pedi a condenação do deputado Edmar Moreira.

Elenilson – Deputado é verdade que o senhor já está montando a sua equipe de campanha para a Prefeitura de Salvador? Isso não pode atrapalhar o seu desempenho na liderança do DEM?

ACM Neto – Isso não procede.

Elenilson – Ter um cargo p

olítico deve ser uma coisa muito lucrativa, visto que a quantidade de gente se candidatando é uma coisa absurda – fora que, tirando raras exceções, a grande maioria está ali somente para aumentar seu patrimônio ao invés de brigar pelos interesses do bem comum. Como o senhor analisa isso?

ACM Neto – Isso não é uma pergunta. Falo por mim e sempre agi com honestidade.

Elenilson – Os brasileiros aparecem, mais uma vez, entre os piores estudantes do mundo nos últimos rankings de ensino da OCDE (*organização que reúne as trinta nações mais desenvolvidas do mundo). O que você pretende fazer para melhorar em Salvador a área da educação, visto que existe muita propaganda de que o governo está fazendo muita coisa, mas na realidade os resultados são um fiasco?

ACM Neto – A educação pública é dever do Estado e do município.

Elenilson – O senhor pretende (com a maioria) empregar amigos e parentes se eleito for?

ACM Neto – Nunca empreguei, veja os meus assessores.

Elenilson – Dizem que a Câmara Municipal de Salvador é a casa do povo, mas para um cidadão comum entrar é uma burocracia e normalmente é vencido pela frustração. Porque não existem propostas eficientes e justificáveis de comunicação entre a Câmara e a comunidade?

ACM Neto – Isso você deve perguntar para os vereadores.

Elenilson – Em sua opinião, como Salvador faria melhor uso do dinheiro público?

ACM Neto – Acho que a prefeitura emprega bem os recursos públicos.

Elenilson – A que o senhor atribui o fracasso da administração do prefeito João Henrique?

ACM Neto – Não vejo fracasso, ele está trabalhando para resolver os graves problemas da cidade.

Elenilson – A população não acredita mais em políticos – principalmente eu. É público e notório que nem todo mundo tem estrutura para agüentar críticas. O que você achou da “tática de mordaça” do candidato a prefeitura de Salvador, Antonio Imbassahy, de ter entrado com uma ação judicial contra uma rádio popular para proibir a emissora de emitir qualquer opinião a seu respeito?

ACM Neto – Isso é um direito de cada cidadão, cabe à Justiça resolver.

Elenilson – O senhor acha que, com esse episodio, voltamos á ditadura?

ACM Neto – Não, a Justiça está aí para isso.

Elenilson – O senhor acha que essa liminar, concedida pelo juiz Everaldo Cardoso de Amorim, do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, é a comprovação que a Justiça na Bahia só protege os ricos e influentes?

ACM Neto – Jamais, todos podem recorrer à Justiça.

Elenilson – Esses programas políticos não tiram dúvidas alguma quanto à credibilidade dos candidatos. Os políticos abusam de mentiras e promessas (que já sabemos não vão ser cumpridas). A Bahia se tornou o reino de fatos que não se concretizam, mas que ganham manchetes de jornais. O que o senhor pensa sobre isso?

ACM Neto – Discordo completamente.

Elenilson – Como o senhor analisa de Salvador está em segundo lugar na lista de desemprego, mesmo com o prefeito dizendo que está tudo ótimo porque temos o SIMM?

ACM Neto – Este é um problema nacional, Salvador não tem indústrias e emprego deve ser gerado pela iniciativa privada.

Elenilson – Como o senhor analisa Salvador (*esburacada por causa de obras mal feitas e sem critérios) ter virado um canteiro de obras?

ACM Neto – Esta pergunta não faz mais sentido.

Elenilson – O senhor acha mesmo que o PAC do governo tem alguma função efetiva?

ACM Neto – Olha, até agora é um completo fracasso.

Elenilson – Em 31/07/07 o prefeito João Henrique foi à Câmara Municipal para entregar simbolicamente o projeto de lei de revisão do PDDU. Segundo o prefeito, Salvador pode ser uma nova Dubai para atrair turistas, porém não é isso que estamos presenciando. Prova disso é a favelização das barracas de praia na orla marítima e a destruição do calçamento da Barra Avenida – e olha que estou falando de bairros nobres. O que você acha disso? 

ACM Neto – Realmente precisa mudar mesmo.

Elenilson – O aumento assustador da violência em Salvador (que vitima principalmente os negros e pobres da periferia) é consequência do descaso dos Poderes Públicos com relação à Educação e Segurança. O que senhor pensa em fazer a esse respeito? 

ACM Neto – O aumento da violência é incompetência do governo petista.

Elenilson – O show está no ar. O que o senhor está achando desses debates dos candidatos na TV, principalmente o da Dilma que até está usando um cover da Lady Gaga bizarro?

ACM Neto – Cada candidato escolhe o que acha melhor.

Elenilson – Deixa uma mensagem para os seus eleitores...

ACM Neto – A minha mensagem é de continuar trabalhando pela Bahia, como sempre fiz.

Foto rara: o avô ACM com o Odorico Paraguaçu, personagem criada pelo dramaturgo Dias Gomes e vivido, na televisão pelo ator Paulo Gracindo.

Com o avô ACM e com o tio Luis Eduardo Magalhães Filho.

Com o radialista Mário Kertész, rádio Metrópole.

Com o "repórter inexperiente" Danilo Gentili, no Elevador Lacerda, um dos cartões postais de Salvador, para o programa CQC, da Band.

Com a esposa-gata, a médica Lídia Salles.

Em comício em Salvador.

ACM Neto é deputado federal e candidato à reeleição: número 2526

Site: www.acmneto.com.br

Twitter: acmneto2526

fotos: divulgação