“Eles pedem o cumprimento do reajuste salarial de 22,22% sobre o piso nacional. Já o governo exemplifica que um professor com licenciatura plena, com carga de 40 horas semanais, já ganha o suficiente.”
Como estudante oriundo da rede pública, desde muito cedo, convivo com greves de professores. Depois de formado, por total falta de oportunidades, acabei virando professor. Não por vocação nem ideologias, mas por ter sido falsamente aliciado a entrar na educação. Resultado: decepção total!
Uma vez, tive um aluno no terceiro ano do segundo grau que era analfabeto. Eu, por achar lógico, reprovei-o na minha disciplina. E por tê-lo reprovado todos na escola, professores, funcionários e estudantes, pularam em cima de mim, como urubus na carniça, como se eu tivesse cometido um crime bárbaro. Fiquei muito intrigado e chocado ao mesmo tempo, como professor novo na tal escolinha de criar fantoches, e fui procurar saber o motivo de tanta revolta contra mim. Descobri que o estudante em questão era sobrinho da muito querida faxineira. Por ser um menino “muito bonzinho” e bolsista, todos os professores, desde a primeira série do primeiro grau, aprovaram-o e acabaram jogando o problema para o futuro distante. Só que o futuro havia chegado. E no caso, era eu. E assim foi até o último ano do ensino médio, quando caiu sob a minha responsabilidade. Resultado: a “criança”, então com dezenove anos, que era analfabeto e não poderia continuar os estudos; foi aprovado por todos os outros professores por ser considerado um estudante “especial”. E pelo o que eu fiquei sabendo, hoje ele faz Direito na UCSAL.
Outra história curiosa, desse período, foi a minha demissão de uma faculdade particular porque reprovei a filha do dono. Em um semestre de aulas ela só assistiu três dias. Mesmo assim o diretor, que por coincidência era o dono, se sentiu no direito de me mandar embora. A qualidade das minhas aulas, minha integridade moral e a aprendizagem dos meus alunos não estavam em questão. Quanto a mim, por essas e outras, larguei a educação de vez!
A FARSA – A educação pública no Brasil é uma farsa. E a educação particular não está tão longe disso. Desde os últimos estertores da ditadura militar e de forma mais intensa após a “democratização” do país, vemos a escola brasileira ser sistematicamente destruída, governo após governo. Muito mais que a baixa remuneração dos professores, a péssima qualidade da educação pública, que já formou inúmeros intelectuais de destaque mundial em diversas áreas da cultura e das ciências, tem suas causas em políticas cuidadosamente pensadas e aplicadas para que ela assim terminasse. Ou seja: vamos continuar formando uma geração de fantoches para que os que estão no poder continuem no poder!
Ser professor hoje em dia é ter uma profissão perigosa, além de desvalorizada e inútil. Os problemas cotidianos da escola ligados à resolução dos conflitos como a violência, o bullying e a indisciplina, são apenas alguns problemas que sinalizam o fracasso total da educação e das suas técnicas de amordaçar pensamentos. E apesar dos ideólogos, sociólogos e entusiastas da educação viverem dizendo que só a educação transforma, temos percebido a questão da relação (ou falta dela) entre professor e aluno e a relação entre os próprios alunos como algo que não anda muito bem, como situações que têm angustiado muitos professores e muitas vezes criado determinadas vítimas – jovens que muitas vezes legitimam formas de violência como algo normal.

Mas, passa longe desses debates a total falta de vivência por parte dos seus organizadores com a sala de aula. Alguém sabe o que é passar o dia inteiro no meio de crianças e adolescentes catarrentos e mal educados? Portanto, há muito a se fazer! Estamos convictos de que esse é o papel da universidade: trazer à comunidade suas experiências e suas contribuições. Contudo, poucas são as que se dão ao trabalho de pelo menos colocar em pauta o assunto. Para muitos professores universitários deslumbrados, principalmente na UFBA e UCSAL, esse assunto não lhes pertence.
E assim surgiu essa coleção de impropérios: do propósito de repensar os problemas que assolam a instituição educativa e de buscar, à luz das contribuições de investigações recentes e de autores que tenham fundamentado tais descobertas, indicativos de como podemos juntos, universidade e escolas de educação básica, atuar frente às dificuldades cotidianas daqueles que têm como objetivo em comum, educar. Não apenas tirando férias fora de hora, com essas greves, que, normalmente, os professores só conseguiram aumentar uns R$ 10,00 nos seus contracheques.
Nunca acreditei que alguém jamais tenha me ensinado alguma coisa. Duvido muito da eficácia do ensino. A única coisa que sei é que quem quiser aprender, aprenderá. Com ou sem professores. As faculdades “preparam” professores à base de seminários inúteis o tempo todo e os lançam nas escolas como os salvadores do caos e domadores de animaizinhos catarrentos, e sabem o que esses salvadores da sociedade voltam dizendo? É tudo inútil!
Soluções mirabolantes e “estudiosos” em excesso fizeram do ensino público brasileiro uma das piores coisas já vistas. O que deixa qualquer um perplexo quando, sem forçar muito pela memória, lembramos que há bem pouco tempo atrás (cerca de 40 a 50 anos) a educação fornecida pelo Estado brasileiro era uma das melhores do planeta. Mas, hoje, estamos fracassando nas escolas porque não estamos formando nada e nem ninguém. Não estamos ajudando professores a largarem os seus papéis de decoradores de teorias, escrivãos de diários, comedores de pó de giz, marionetes do sistema e se tornarem seres humanos inteligentes. Se vocês soubessem a quantidade de professores imbecis nas salas de aulas, não deixariam seus filhos nas escolas.

Vocês podem até argumentar que eu exagero muito. Mas se considerarmos a qualidade dos nossos professores (*só preocupados com seus ganhos) e essa faixa de tempo sob o ponto de vista de políticas públicas nacionais; chegaremos à conclusão de que isso é um espaço curto para um serviço considerado excelência; acabar como uma farsa e uma fonte de “zumbis intelectuais” que sabem apenas repetir o que decoram e a desenhar o próprio nome e algumas letras.
Imaginem como seria o Brasil se todos tivessem a oportunidade de serem encorajados a serem um ser humano espetacular. Mas sabe o que é que isso me parece? Que a essência do nosso sistema educacional é tornar todos iguais uns aos outros: para sabermos marcar “xis” em provas, para pularmos felizes atrás de trios, para sermos uns alienados, patéticos, comedores de lanches no MacDonald e consumidores de celulares de última geração. O fracasso escolar é o fracasso do próprio sistema de ensino.
A aprovação automática – pratica muito comum nas escolas modernas de hoje - retira do aluno, por exemplo, a responsabilidade de aprender e a do professor a de ensinar. Erroneamente, a concessão de verbas vinculadas à quantidade de crianças e adolescentes no ensino é focada em resultados de listinhas fabricadas nas escolas. A incrível ausência da obrigatoriedade de diploma para os mestres que criou a figura do “professor leigo” é outro ponto que deveria ser discutido. A ausência da obrigatoriedade do fornecimento de material de apoio para todas as matérias e da criação do quadro de professores substitutos contratados pelo REDA é outra vergonha. E muito mais… Mas essas coisas o governo da gangue do PT não quer discutir, nem mesmo os próprios professores discutem!
Vocês sabiam que William Faulkner, John Kennedy, Thomas Edison não suportavam as suas escolas? O tão festejado ex-presidente Lula nem lá foi! Tem uma frase de R.D. Laing que diz:“Ficamos satisfeitos quando conseguimos tornar os nossos filhos iguais a nós: frustrados, doentes, cegos, surdos, mas com um Q.I. elevado”. E, o mais cruel de tudo isso, é que os políticos sacanas brasileiros perceberam que a maioria da população se sente feliz e tranquila pelo simples fato de suas crianças “saberem assinar o nome”.
Em suma, ao contrário do que prega a categoria que não aceitou a proposta do governo mentiroso do Jaques Wagner de reajuste de 22% no piso salarial em parcelas até abril de 2013, a APLB Sindicato não está muito interessada nos problemas do dia a dia de professores. Estes vão apodrecer nas suas salinhas de aulas de ficção e eternamente vão continuar suspendendo atividades por tempo indeterminado em greves decretadas durante assembleia inúteis e caminhadas pelas ruas fedidas do centro de Salvador e mais nada.
Logo, logo a “JUSTIÇA” julgará ilegal essa greve, pois tem sido rotineiro esse entendimento após o PT (PARTIDO TRAPALHÃO) ter virado governo, sem a independência, apenas com harmônicas indicações políticas para cargos. E nós, trabalhadores, estamos ferrados. Esses políticos de merda compreenderam que uma população instruída e capaz de um raciocínio de alto nível é algo altamente pernicioso para seus propósitos. E que, por outro lado, uma população incapaz de perceber e interpretar informações complexas e de evoluir intelectualmente, estaria para sempre vinculada a programas sociais e refém do círculo aprisionador da pobreza e da miséria, tornando-a presa fácil para os salvadores da pátria que se multiplicaram no Brasil pós-ditadura. Vamos lutar para banir esta estrela maldita do PT, já nas eleições de outubro.

Por: Elenilson Nascimento
Professor, escritor e blogueiro.
Caríssimo, considero algumas das suas ideias pertinentes, entretanto, boa parte dos seus argumentos são generalistas e limitados, cujo o enfoque está apenas na apresentação dos problemas e não das soluções. Concordo quando crítica os cursos de licenciatura, a ineficiência da academia, A falta de representatividade do sindicato e aprovação automática. Contudo, não concordo quando vc diz que os professores são despreparados e pensam apenas nos seus ganhos. Toda generalização é medíocrie, como em toda área, na educação existem profissionais compromissados e não compromissados. Outrossim é que não lutamos apenas pela ampliação dos nossos salários. A questão econômica é um aspecto central em nossa plataforma de reivindicações, já que um professor ganha 40% a menos do que um profissional como o mesmo nível de formação, mas lutamos também por melhores condições de trabalho, pois, trabalhos em condições insalubres que afetam o emocional tanto do professor quanto do aluno e pela ampliação dos investimentos na educação. Quando vc fala que virou professor por falta de "oportunidades" e não por uma questão vocacional e/ou ideológica acredito que esse foi um grande erro na sua vida. Grande Abraço e muito sucesso na sua caminhada. Tássio Revelat ( professor e idealizador do Projeto Amantes do Conhecimento)
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