Quando cheguei a Brasília fiquei impressionado com a organização da cidade, foi inevitável as comparações com Salvador, taxista educado, canteiros centrais floridos, avenidas com seis faixas, arquitetura e respeito aos pedestres, foram as primeiras coisas que reparei. Mas na primeira sinaleira lá estava um trabalhador informal vendendo água, apesar disso, foi muito diferente de Salvador, onde encontramos uma equipe de vendedores de água correndo de carro em carro a ponto de serem atropelados.
Do terraço do hotel fiquei observando a movimentação do trânsito, impressionante como numa cidade com asfalto perfeito e pistas largas não vi nenhum motorista aloprado, dirigindo como se estivesse numa pista de fórmula I. Talvez eles estejam tão acostumados com as avenidas que não precisam fazer o que nós baianos fazemos na Paralela, quando, por um milagre, ela não está engarrafada e em tempo de sol forte, pois basta uma simples chuva para os buracos aparecerem.
Talvez a explicação para as pistas perfeitas esteja ai, não chove em Brasília há dois meses e o clima está terrivelmente seco o que me fez sentir saudades de minha terra, passei três dias infernais em relação ao clima, tive febre, dor de cabeça, sangramento no nariz e os lábios ressecaram. Disseram-me que precisava beber muita água, assim o fiz, mas não adiantou muito, nem mesmo os analgésicos estavam ajudando, não parava de pensar no ar de Salvador e nas praias e cheguei à conclusão de que não trocaria meu ar pela estrutura de Brasília.
Na manhã do segundo dia na cidade, sai para procurar uma farmácia sem ser no setor de farmácias, tudo lá tem setor, algumas pessoas gostam disso, eu que sou pobre, gosto mesmo é de ter uma biboca perto de casa vendendo de tudo, gosto de comprar geladinho de amendoim na vizinha e espelho no cara que passa com um carrinho de mão cheio de utensílios do lar, uma vez por mês. Foi nesta manhã que encontrei dois moradores de rua dormindo, no dia seguinte, quando fui a Catedral encontrei um mendigo sentado no chão pedindo esmolas, ou seja, apesar de poucos, os excluídos estão lá.
Talvez eu não vi mais, porque lá é onde mora a presidente, quem não sabe que quando a presidente vai visitar uma cidade, todos escondem seus mendigos e moradores de rua? Não sou ingênuo de acreditar que em Brasília não tem diferenças sociais, eu estava hospedado próximo ao Congresso Nacional e Palácio do Planalto, então a “limpeza” que fazem nas cidades que serão visitadas pela presidente, deve ser feita lá todos os dias. Neste momento, por exemplo, estão tentando “limpar” as cidades sede da Copa.
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