
Prestes a completar 50 anos de emancipação política e administrativa, Lauro de Freitas chega à idade madura, ainda na tentativa de se reencontrar, buscando forças nas raízes dos seus nativos/precursores, mas sem poder esquecer-se da necessidade vital de estar antenada ao presente, e, muito especialmente, ao futuro ainda incerto.
A antiga (mais de 400 anos) Freguesia de Santo Amaro de Ipitanga, hoje Lauro de Freitas (com 163.414 habitantes / IBGE-2010), salta aos olhos dos economistas mais experientes. Integrante da Região Metropolitana de Salvador (terceira região metropolitana mais populosa do Nordeste brasileiro, a sétima do Brasil e a 109ª do mundo) transformou-se na menina dos olhos de qualquer político, tenha ou não raízes na cidade. Detentora do segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano (0,771) da Bahia, considerada um dos municípios mais industrializados do Estado, ocupando a 3ª posição com apenas 59,95 km², a cidade respira progresso, mas até que ponto há (ou não há) planejamento? Qual a verdadeira vocação da cidade? Já existe um plano de desenvolvimento prático e viável - á exceção do PDDM que ainda não mostrou para quê veio? Recentemente o Poder Executivo local enviou à Câmara alterações, a pouco mais de dois anos da sua instituição.
Temas pra lá de badalados fazem parte das discussões políticas da cidade, a exemplo da (in)segurança pública, mobilidade urbana, meio ambiente, habitação e os esportes e a cultura que teimam em permanecer na UTI, mas a cidade vive ainda a expectativa de vivenciar, na prática, os intermináveis discursos de todos os lados.
Quase meio século passou, e a então paradisíaca Lauro de Freitas, já paga o preço do crescimento desordenado, desmedidamente ambicioso e descalculado. A recente tragédia social e econômica vivida pelos profissionais que laboraram por décadas do comércio nas praias caiu por areia (e por terra). O passado, também responsável pelo que testemunhamos hoje, se aliou ao presente que também nada ou quase nada fez para mudar o curso da história.
A nossa potencialidade turística ainda não ouviu falar em incentivos responsáveis - e viáveis - para explorarmos conscientemente os recursos naturais e a localização estratégica que Santo Amaro deixou para os seus filhos. Ações materiais, á exemplo, da construção de um Centro de Convenções (logicamente acompanhada da mínima infraestrutura no seu entorno e a profissionalização técnica da população) já poderia existir em solo laurofreitense, também, como instrumento fomentador para construção de uma cidade potencialmente turística, por que não? Já pensaram que podemos nos intitular um pólo gastronômico, não só pela variedade de casas sediadas por estas bandas, mas especialmente pela tradição culinária naturalmente enraizada?
Quase meio século de desenvolvimento econômico tem cobrado dos filhos (adotivos ou não) desta cidade um preço alto: A completa inexistência de uma identidade. Pois, afinal, nós trabalhamos para vivenciar este progresso ou esbarramo-nos por força da geografia?
Tema recorrente nos meios políticos e empresariais a Copa 2014 surge como esperança de que um grande relógio despertador acorde as autoridades a agir em favor do tempo, e dos cidadãos. Numa oportunidade impar de posicionar-se como uma das principais líderes nas decisões mais importantes do estado, Lauro de Freitas tem se posicionado á reboque da capital e do estado na tomada de decisões, á exemplo, da escolha do BRT ou VLT, estratégias de transportes que fazem parte do planejamento para viabilizar a Copa. A estrutura viária urbana é outra celeuma vivenciada às portas de 2014. Enquanto discute-se a integração dos transportes de massa, esquecemo-nos de organizar e preparar o nosso próprio trânsito e transportes (decadente e caótico).
Partindo dos princípios rotarianos, ousamos em fazer este desabafo sob a ótica de uma critica construtiva, abertos a incitar e participar de uma grande corrente de forças positivas envolvendo todos os segmentos da sociedade, é que conclamamos a iminente necessidade de discutirmos exaustivamente possibilidades de avanços em todas as áreas citadas, mas também que haja um desprendimento coletivo em tornarmos a teoria, uma prática saudável e construtivista para TODOS.
Dentro desse contexto histórico-social é muito mais importante abrir uma discussão aberta e transparente com as faculdades, lideranças, empresários e presidentes de associações sobre os grandes temas de relevância social da nossa cidade do que ficar apenas discutindo os interesses partidários que estão jogo com à sucessão de Moema. O objetivo maior deve ser o debate, o planejamento e ação junto com a comunidade, onde serão criadas ações executivas para o novo governo e serão levantadas as perspectivas para os próximos 20 anos.
Convido todos os segmentos da sociedade a criar um cenário futurístico do que é possível e desejável, onde serão debatidos temas específicos como: Educação, Cultura, Desenvolvimento econômico, Emprego e renda, Meio Ambiente, Saúde, Mobilidade e planejamento urbano e muito mais.
TÁSSIO REVELAT ( Historiador, pós-graduado em Docência do Ensino Superior e Gestor Cultural)
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